Jornal metropolitano de Maringá

20150429

Paraná intensifica cuidados com gestantes e bebês

O Governo do Estado finalizou neste mês de abril, em Paranaguá, a primeira etapa de um projeto-piloto da Rede Mãe Paranaense, que aprimora ainda mais a atenção às gestantes e seus bebês. Ao longo de 18 meses, dez mulheres grávidas em situação vulnerável e seus filhos foram acompanhados por uma equipe multidisciplinar com o intuito de qualificar o atendimento e reduzir as chances de morte materna e infantil. 
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A partir do sucesso da experiência em Paranaguá, o Governo do Estado decidiu estender a iniciativa para outras regiões. Mais cinco regionais de saúde (Ivaiporã, Pato Branco, Francisco Beltrão, Guarapuava e Paranavaí) já iniciaram as atividades com o acompanhamento de 214 gestações em 43 municípios. Ao todo, 115 bebês já nasceram e continuam sendo monitorados pelas equipes de saúde, seguindo as regras do novo projeto. 

O projeto-piloto foi desenvolvido na Unidade de Saúde da Ilha dos Valadares, um bairro de Paranaguá que concentra aproximadamente 25 mil habitantes. Das quase 120 gestantes identificadas na Ilha, dez foram escolhidas para participar da iniciativa, com base em critérios de risco pré-estabelecidos. 

“A intenção foi implantar um modelo de gestão de caso na unidade, fortalecendo o vínculo entre equipe de saúde, gestante, criança e toda a sua família”, explicou o secretário estadual da Saúde, Michele Caputo Neto. Em Paranaguá, o projeto deu atenção especial às gestações em que a futura mãe tinha baixa escolaridade ou histórico de filho morto precocemente. 

A proposta, segundo as agentes comunitárias de saúde da região, fez com que essas dez gestantes e seus bebês recebessem tratamento ainda mais especial durante toda a gestação e até o primeiro ano de vida da criança. Profissionais da coordenação da Rede Mãe Paranaense, em Curitiba, acompanhavam mensalmente a conduta adotada pela equipe local e prestavam orientações sobre os encaminhamentos necessários para cada caso. 

“Quando era necessário, ligávamos quase que diariamente para os gestores de caso da unidade. Também fizemos uma série de visitas às gestantes para saber delas o que estavam achando do atendimento”, destacou Shunaida Sonobe, chefe do Departamento de Atenção Primária da secretaria estadual da Saúde. 

EXEMPLOS – Esse monitoramento e apoio na gestão dos casos permitiram que a equipe de saúde interviesse imediatamente em situações que ofereciam risco ao bem-estar de mães e bebês. Exemplo claro da importância do trabalho foi o que ocorreu com o neto da dona de casa Marize Adriano. O pequeno Sérgio nasceu com cerca de três quilos, mas tinha dificuldade para ganhar peso e corria risco de morte. 

Com quatro meses de vida, o menino tinha apenas 4 quilos, ou seja, três quilos aquém do esperado. “Vendo isso, fomos à casa desta família, convencemos a mãe de que era preciso fazer uma consulta para melhorar a condição de saúde de seu bebê e felizmente deu tudo certo. O menino ganhou peso e agora cresce bem, saudável”, disse Renata Carvalho, agente comunitária de saúde que acompanha a família. 

O caso da mãe Ana Caroline Ferreira é outro que mostra que a intervenção da equipe de saúde pode ser determinante para salvar uma vida. Dias antes da data marcada para o parto, Ana sofreu uma queda, o que deixou sua filha entre a vida e a morte. Graças a uma ação imediata da equipe que conduziu o pré-natal, ela foi encaminhada para o Hospital Regional do Litoral – maternidade de referência – e fez uma cesariana de emergência. 

“Sei que se hoje minha filha está viva é por conta desta atenção especial que recebi. Sou eternamente grata à toda a equipe que nos ajudou e ajuda até hoje”, afirma Ana. 

INTEGRAÇÃO – De acordo com a coordenadora da Unidade de Saúde da Ilha dos Valadares, Ana Maria Barão, a gestão de caso da Rede Mãe Paranaense envolveu toda a equipe e deu uma motivação a mais aos profissionais. “Percebemos que mesmo quem não tinha uma motivação em sua área de abrangência estava adotando este novo modelo de acompanhamento. Foi um divisor de águas para todos nós, que agora vemos o quanto é importante o papel de cada profissional de saúde no sucesso de uma gestação”. 

Antes da gestão de caso, os serviços de odontologia e fisioterapia funcionavam paralelamente à atenção materno-infantil. Hoje, 100% das gestantes e bebês vinculados à Unidade da Ilha realizam consultas odontológicas e eles têm ainda prioridade no atendimento. 

“É uma mudança simples, mas que faz toda a diferença. Os problemas dentários podem ter interferência no andamento da gravidez, podendo inclusive ser a causa de um parto precoce ou até de uma infecção urinária, por exemplo”, ressaltou o cirurgião-dentista, Reginaldo Alves. 

Iara Santos Silvano, que está entrando no seu terceiro mês de gestação, disse que se sente mais segura sabendo que é possível ter tratamento odontológico completo mesmo durante a gravidez. “Fica mais fácil porque a consulta já está incluída no pré-natal. Não precisamos ficar correndo atrás para marcar e tudo é feito bem rápido aqui”, contou. 

NOVA VISÃO – Todo o trabalho na unidade de saúde foi norteado pela Linha Guia da Rede Mãe Paranaense, lançada em 2012. O documento, disponível aos profissionais de saúde de todo o Estado, sistematiza as ações recomendadas para a atenção materno-infantil e apresenta a conduta a ser adotada para cada caso. 

A enfermeira Cleonice dos Santos Ferreira, que também participou do início do projeto na Ilha, ressaltou que a experiência serviu para provocar uma reflexão sobre a rotina profissional de cada um dos envolvidos. “Agora que fui transferida para outra unidade, percebo que o que fazíamos era diferente. A gestão de caso nos traz outra visão, pois acolhemos melhor a paciente”, conta. 

EXPANSÃO – A partir do sucesso da experiência em Paranaguá, o Governo do Estado decidiu estender a iniciativa para outras regiões. “Este é um dos principais projetos da Rede Mãe Paranaense para 2015. Após reestruturarmos e organizarmos toda a atenção materno-infantil no Estado, estamos caminhando para qualificar ainda mais o atendimento através de melhorias no processo de trabalho das equipes”, explica a superintendente de Atenção à Saúde, Márcia Huçulak. 

Com a Rede Mãe Paranaense, o Estado já conseguiu reduzir em 40% a mortalidade materna e em 10% a mortalidade infantil. Isto representa cerca de 550 mães e bebês salvos em três anos. Os números são resultado de uma mudança estratégica, que preconiza acompanhamento pré-natal feito com no mínimo sete consultas e todos os exames necessários. 

Desde o início do pré-natal a gestante sabe qual será o hospital indicado para o parto, Há ainda garantia de atendimento às gestantes e crianças de risco em ambulatório especializado (Centro Mãe Paranaense) e o acompanhamento de todas as crianças menores de um ano. 
Fonte: ANPR – Foto: Venilton Küchler/SESA