Jornal metropolitano de Maringá

20150428

Emprego formal tem o pior trimestre desde 2009 e mercado sente o impacto

Com a desaceleração da atividade, o total de vagas abertas cai 30,8% em comparação com o mesmo período do ano passado, apesar da melhora em março.
Apesar de março ter apresentado o melhor índice de criação de empregos formais para esta época do ano em todo o governo Dilma, o primeiro trimestre de 2013 cravou a pior marca desde 2009 para o período. Os números mostram que o mercado de trabalho brasileiro começa a sentir os efeitos do desaquecimento da atividade. A soma dos postos com carteira assinada entre janeiro e março, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), alcançou 306.608, resultado 30,8% menor que o saldo de igual período 2012 (442.608).
Ao todo, no mês passado, foram abertas 112.450 vagas, 0,63% a mais que em março de 2012 (111.746). Em relação a fevereiro, o incremento ficou em minguado 0,28%. Os empregos foram puxados pelo setor de serviços (incluindo o comércio), que deve, segundo o ministro do Trabalho, Manoel Dias, continuar liderando a criação de vagas nos próximos meses. "O emprego do futuro será no setor de serviços", afirmou.

Agronegócio deve sentir impacto da desaceleração do PIB em 6 a 12 meses

A estimativa para o crescimento da economia brasileira em 2014 foi revisada pela quarta semana consecutiva, em pesquisa feita pelo Banco Central na qual são consultados 100 analistas de bancos e instituições financeiras, o boletim Focus. A revisão mostrou PIB em 1,16% ao fim do ano. Com piora na perspectiva de crescimento, a alta no índice de desemprego já é um risco considerado por alguns especialistas. O agronegócio, no entanto, deve demorar de 6 a 12 meses para sentir impactos da desaceleração do PIB.
A diminuição do crescimento da economia de um país tem reflexos como menor atividade no comércio, menor confiança dos empresários, menores investimentos, e, em conseqüência desses e de outros fatores, tende a ocorrer aumento na taxa de desemprego. Na visão do consumidor brasileiro houve piora na expectativa do mercado de trabalho, segundo levantamento feito em maio pela Fundação Getúlio Vargas.
Para o consultor financeiro da Compliance Comunicação Empresarial, Clodoir Vieira, a economia mostra sinais de estagnação. “Sem crescimento e sem investimento aumenta o desemprego, há geração de desemprego no futuro. A preocupação é alta porque a economia está parada e dá uma sensação em algumas pessoas que esta tudo bem, mas não é bem isso. Do jeito que está indo corre o risco do PIB ser negativo, se não for negativo será muito próximo de zero”, aponta.
Os risco de a economia brasileira apresentar crescimento negativo já são considerados por alguns economistas, a exemplo do doutor em economia pela FEA-USP, Roberto Troster. “Para esse trimestre pode haver PIB negativo. Os números preliminares de vendas, de produção já estão indicando que está na direção. A Copa pode interferir também, pois está havendo menos atividade, menos vendas, menos produção e mais feriados”, conclui.
Os reflexos do PIB menor devem aumentar levemente o desemprego no segundo semestre e no primeiro semestre de 2015 porque a economia está crescendo pouco, estima o economista Fábio Silveira, da GO Associados. “Ainda é possível trabalhar com otimismo contido em um horizonte de 6 meses a 12 meses. O grau de preocupação do empresário do agronegócio inserido no interior do Brasil é um grau de preocupação bem menor do que aquele que já ronda o setor produtivo e de serviços nas grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte”, pondera.
Fonte: CAGED\ Kellen Severo – Foto: blogdoplanalto