Jornal metropolitano de Maringá

20150825

Com ciclo de investimentos, interior do Paraná ganha espaço no consumo

O Interior ganhou espaço no consumo do Paraná nos últimos cinco anos. A geração de riqueza e emprego e melhorias de infra estrutura, impulsionados, principalmente, pelo novo ciclo de investimentos no Estado, fizeram os municípios fora da Região Metropolitana de Curitiba ganhar força.

Em 2010, eles tinham uma participação de 58,7% do consumo total no Estado. Nesse ano, esse peso deve chegar a 64,8%. Dos R$ 239 bilhões que os paranaenses vão consumir em bens e serviços em 2015, R$ 154,8 bilhões serão movimentados em cidades do Interior.

Os dados são da pesquisa IPC Maps, realizada pela IPC Marketing Editora, consultoria paulista especializada em consumo. Essa é a primeira mudança significativa no mapa de consumo do Paraná nos últimos dez anos. Entre 2005 e 2010, a participação do Interior ficou estagnada em 58,7%. 

"Acredito que esta pesquisa reflete de forma fidedigna o esforço de toda a nossa gestão pela interiorização e a desconcentração do desenvolvimento econômico, antes muito centralizado na região de Curitiba", afirmou o governador Beto Richa. "A instalação de indústrias em todas as regiões do Estado e a ampliação da infraestrutura de transporte e logística contribuíram para que pequenos e médios municípios, antes estagnados, criassem suas próprias oportunidades de dinamizar o desenvolvimento regional", acrescentou Richa. A seu ver, há um movimento inequívoco de redução dos desequilíbrios regionais, também favorecido pelo investimento na infraestrutura social.

Para Julio Suzuki Júnior, diretor presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico Social (Ipardes), os dados demonstram que o Paraná está, de fato, conseguindo desconcentrar a sua economia, reduzindo a desigualdade regional e, com isso, a pobreza no Interior, principalmente no meio rural. “Esse movimento é puxado pela forte geração de emprego, que propicia renda para que as famílias possam aumentar seu consumo”, diz.

MAIOR DO SUL - Dos Estados do Sul, o Paraná foi, proporcionalmente, o que teve maior avanço do seu Interior na pesquisa IPC Maps. Segundo o levantamento, em Santa Catarina o consumo no Interior passou de 78,3% para 79,9% entre 2010 e 2015 . No Rio Grande do Sul, a variação foi de 60,6% para 66,2% no mesmo período. O Paraná ocupa o quinto lugar entre os Estados, com 7% de participação no total de consumo do Brasil, estimado em R$ 3,37 trilhões em 2015. 

PARANÁ COMPETITIVO – Boa parte do dinamismo do Interior foi estimulado pela combinação de investimentos e geração de empregos. Desde 2011, o Estado contabiliza R$ 40,3 bilhões em investimentos em curso ou já realizados por meio do programa de incentivos Paraná Competitivo – entre projetos da iniciativa privada e investimentos de estatais (Copel, Sanepar e Compagas) em infraestrutura para viabilizar os empreendimentos privados.

Os investimentos devem gerar 99 mil empregos diretos, volume que pode chegar a 435, 7 mil, se considerados os indiretos e o efeito renda, segundo estimativa do Ipardes. 

No Interior, além das novas indústrias, as cooperativas agroindustriais continuam a ser um dos principais motores de desenvolvimento. Com atuação principalmente nas áreas de grãos, carne e leite, elas representam 56% do Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária estadual.

Nos últimos quatro anos, as cooperativas investiram R$ 8,4 bilhões – principalmente na industrialização da produção agrícola e na infraestrutura de armazenagem. São projetos que geraram 15 mil novos empregos no período, de acordo com dados do Sindicato e Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). Segundo a entidade, a cada R$ 1 milhão investido são gerados 60 empregos. 

“O Interior atraiu investimento nos últimos anos porque em geral apresenta melhores condições de vida, com índices menores de criminalidade e de custo de vida. O crescimento da classe média também contribui para o avanço do consumo”, diz Marcos Pazzini, responsável pela pesquisa IPC Maps. 

DISTRIBUIÇÃO DE GASTOS - O cálculo do IPC Maps toma como base dados coletados junto ao IBGE, Fundação Getúlio Vargas (FGV) e indicadores dos Estados. De acordo com Pazzini, o indicador de 2015 já considera o atual cenário de retração econômica do país. 

O IPC Maps inclui gastos com alimentação dentro e fora do domicílio, manutenção do lar, medicamentos e planos de saúde, educação, recreação, transporte e viagens e outras despesas, como aquisições de imóveis. Considera ainda as compras de vestuário, calçados, itens de higiene e cuidados pessoais, artigos de limpeza, eletrodomésticos e equipamentos. 

Dos gastos das famílias paranaenses, as maiores parcelas são destinadas à manutenção do lar (alugueis, condomínio, energia, telefonia e televisão por assinatura), com R$ 55,6 bilhões. Em segundo lugar vêm despesas como aquisição de imóveis, reformas, empréstimos, empregados domésticos, cabeleireiros e lavanderias, com R$ 44,8 milhões. Alimentação no domicílio fica em terceiro lugar, com R$ 23,9 milhões. 

BOX 1

CIDADES DE MÉDIO PORTE GANHAM PESO

Há cinco anos, dez cidades respondiam por 53% do consumo paranaense. Em 2015, essa concentração foi reduzida para 49%. Ou seja, municípios menores, em geral de médio porte, ganharam força no desenvolvimento econômico. Cidades como Toledo, Umuarama, Campo Mourão, Paranavaí, Cornélio Procópio, Cianorte e Francisco Beltrão ganharam posições no ranking de consumo do Estado. 

“São cidades que, de alguma forma, se beneficiaram de setores que cresceram nos últimos anos, como o de agronegócio e de alimentos, além de ter um mercado de consumo significativo para os setores de comércio e serviços”, acrescenta Julio Suzuki Junior, do Ipardes. 

Toledo, na região Oeste, fortemente influenciada pela agroindústria, registrou um crescimento de 20% no seu potencial 2015 e aparece, pela primeira vez, na lista das 10 campeãs de consumo no Paraná. Esse grupo é formado por Curitiba, Londrina, Maringá, Cascavel, Ponta Grossa, São José dos Pinhais, Foz do Iguaçu, Colombo, Guarapuava. 

“O Paraná é hoje o Estado com a segunda menor desigualdade social do País, só perdendo para Santa Catarina”, lembra o presidente do Ipardes ao citar o índice Gini. O ranking mede a desigualdade de acordo com uma pontuação que vai de 0 a 1 – no qual quanto mais perto de zero menores são as diferenças sociais. Em 2013 – último dado disponível - o Estado tinha uma pontuação de 0,469, contra 0,435 de Santa Catarina. Em 2012, esse indicador estava em 0,483.

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INFRAESTRUTURA E INVESTIMENTO

MELHORAM VIDA NO INTERIOR

Melhorias na infraestrutura, apoio a investimentos e geração de empregos têm ajudado a estimular o crescimento da economia no Interior. Somente a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) investiu, entre 2010 e junho desse ano, R$ 1,93 bilhão em obras de saneamento no Interior do Estado. Os projetos ajudaram também na geração de emprego. Nesse período, foram gerados 55 mil vagas em obras da empresa. A Sanepar estima que a cada R$ 35 mil investido, é gerado um emprego direto. 

Do lado do investimento, o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) vem apoiando projetos do setor produtivo e se destacado principalmente no crescimento das cooperativas agropecuárias. Desde 2011 até o acumulado de 2015, o volume de contratações alcançou R$ 4,8 bilhões no Paraná. No período, a Fomento Paraná, por sua vez, firmou mais de R$ 1,46 bilhão em contratos para apoiar o setor público e privado, em todas as regiões do Estado. Os recursos ajudam negócios de empreendedores de micro, pequeno e médio porte e obras de pavimentação e compra de máquinas e equipamentos nos municípios. 

ESTRADAS – As obras de infraestrutura rodoviária, por outro lado, reduzem os gargalos enfrentados pelas empresas no escoamento da produção. O Paraná está colocando em prática o que é considerado o maior programa de duplicações de rodovias dos últimos 25 anos. No total, são 699,2 quilômetros de rodovias em obras, prontas e em projeto. Estão sendo investidos R$ 1,852 bilhão. A previsão é que mais R$ 2,4 bilhões sejam investidos em novas obras. 

Atualmente existem no Paraná 13 grandes canteiros de obras, com mais de 36 frentes de serviços, onde trabalham mais de 350 homens na construção de estradas duplicadas. Somente na rodovia do Café (BR-376), entre Ponta Grossa (Campos Gerais) e Apucarana (Norte), há três canteiros. A obra, orçada em R$ 1 bilhão, prevê a duplicação de 231 quilômetros. 

Estão em andamento também as duplicações do perímetro urbano em Matelândia; da PR-407, em Paranaguá, sentido Praia de Leste (3,5 km); da PR-415, entre Curitiba e Piraquara (14 km), PR-445, em Londrina (22,5 km, sendo 12 já concluídos); e a Rodovia da Uva, entre Curitiba e Colombo (6,5km).

Desde 2014, foram entregues R$ 313 milhões em obras, como a duplicação de 14,4 quilômetros de Medianeira a Matelândia, o contorno de 11 quilômetros de Mandaguari, o contorno de Campo Largo e a duplicação de 6,7 quilômetros de Guarapuava a Relógio, dentre outras.
Fonte: ANPr – Foto Ass. Com. Toledo