Em
pouco mais de duas semanas, deve ser divulgado o novo levantamento sobre a
situação da Mata Atlântica. O monitoramento é feito anualmente pela Fundação
SOS Mata Atlântica a partir de imagens captadas pelo Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (Inpe).
As
imagens mais recentes do bioma (2010-2011), que abrange 17 estados, mostram a
redução da devastação, incluindo o desmatamento e as queimadas. Apesar da
tendência de queda, especialistas temem que as pressões exercidas sobre essas
florestas alterem essa trajetória. Como o bioma é cercado por áreas muito
populosas, convive com a constante ocupação. “São desmatamentos pequenos para a
expansão de casas [chamado efeito formiga] e quando você vê já foram destruídas
áreas grandes. A gente não consegue acompanhar desde o início porque as imagens
usadas no monitoramento só captam áreas maiores de 3 hectares”, explicou Marcia
Hirota, diretora de Gestão do Conhecimento da SOS Mata Atlântica.
Quase
120 milhões de pessoas vivem nos arredores da Mata Atlântica, segundo dados do
Ministério do Meio Ambiente. Os estados que abarcam o bioma respondem por 70%
do Produto Interno Bruto (PIB).
Ao
lado da importância econômica dessas regiões, estão os serviços prestados pela
floresta que as circundam. A biodiversidade da mata, considerada uma das mais
ricas do mundo, é responsável, segundo especialistas e o governo, por regular o
fluxo dos mananciais hídricos, assegurar a fertilidade do solo, controlar o
equilíbrio climático e proteger encostas de serras, evitando desmoronamentos
como os que vêm sendo registrados em Teresópolis e em Petrópolis, no Rio de
Janeiro.
“A preservação da mata ciliar é uma garantia de sobrevivência para essas
populações. Não é simplesmente porque é a casa dos bichinhos, mas é pelos
benefícios às pessoas”, disse Marcia. “A água é um assunto que todo mundo
entende. Se aquelas nascentes, protegidas pelas florestas, desaparecerem, não
teremos água para consumir”, completou.
Quanto
ao remanescente de vegetação nativa do bioma, a maior parte permanece sem
proteção e está fragmentada. O governo federal estuda formas de incentivar a
conservação e o uso sustentável, como a recuperação de áreas degradadas.
Os
ambientalistas esperam confirmar a trajetória de preservação do bioma - formado
por florestas, restingas e manguezais, que já ocuparam aproximadamente 1,3
milhões de quilômetros quadrados. Pelos dados do governo, cerca de 22% da
cobertura original estão mantidos e em diferentes estágios de regeneração.
Aproximadamente 7% da mata estão bem conservados.
No
último levantamento, mesmo com a queda da devastação na Bahia e em Minas
Gerais, os números ainda preocupam. Em Minas Gerais, por exemplo, do bioma que
já cobriu 46% do território, 27 milhões de hectares, restam apenas 3 milhões de
hectares. A Bahia assumiu a segunda posição no ranking com o
desflorestamento de 4,6 mil hectares de 2010 a 2011.
Fonte: Agência Brasil