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mudança no perfil das emissões brasileiras de gases de efeito estufa de
1990 a 2012. Apesar de ainda ser a principal responsável pelas emissões, a
mudança do uso da terra, item relacionado ao desmatamento, está agora em um
patamar muito próximo da poluição gerada pelos setores de energia e
agropecuário.
Em 1990, o Brasil emitiu 1,39 bilhão de toneladas de gás carbônico,
sendo 815,8 milhões por mudanças no uso do solo. Em 2012, foi enviado para a
atmosfera 1,48 bilhão de toneladas do poluente, 476,5 milhões ligados ao
desmatamento. Apesar do crescimento das emissões brutas no período ser apenas
7%, a evolução da geração de poluentes é irregular e chegou a registrar
elevações expressivas, como os 2,85 bilhões de toneladas verificados em 1995.
“A redução do desmatamento na Amazônia nos últimos anos acaba tornando a
contribuição do setor de uso da terra menor em relação ao que era registrado
anteriormente, quando a gente tinha cerca de dois terços das emissões vindos
desse setor”, ressalta o secretário executivo do Observatório do Clima,
Carlos Rittl. O observatório reúne 35 organizações não governamentais e da
sociedade civil interessadas nos efeitos das mudanças climáticas. “Hoje, a
gente tem uma participação muito maior da agropecuária e do setor de energia,
nos quais as emissões estão crescendo significativamente, e isso representa uma
mudança do perfil de emissões”, completa.
O setor de energia era responsável, em 1990, pela emissão de 193,1
milhões de toneladas de gás carbônico. Em 2012, passou a gerar 436,7 milhões de
toneladas de poluentes. Carlos Rittl alerta que há a tendência de que o setor
aumente ainda mais a emissão de gases de efeito estufa. Ele destaca, por
exemplo, que o plano colocado para consulta pública pelo Ministério de Minas e
Energia prevê prioridade nos investimentos em combustíveis fósseis nos próximos
dez anos. “Ele indica 72% de investimentos em combustíveis fósseis, em todos os
investimentos para a área de energia. Isso é preocupante”, diz, ao lembrar das
expectativas em relação aos rendimentos do petróleo do pré-sal. “A gente viu a
celebração do governo pelo leilão do Campo de Libra, o primeiro grande leilão
das reservas do pré-sal”.
Em relação ao setor agropecuário, Carlos atribui o crescimento das
emissões principalmente ao aumento do rebanho bovino com práticas pouco
eficientes. “Essa nossa pecuária pouco eficiente, com um animal por hectare,
com práticas de manejo muito precárias, acaba nos levando a esse aumento
significativo de emissões”, ressalta.
Segundo o secretário, a intenção é que a divulgação dos dados ajude a
promover um debate mais objetivo e eficiente sobre as maneiras de reduzir a
poluição em todos os setores avaliados. “A gente está disponibilizando esses
dados e as planilhas para que a sociedade, o cidadão interessado e o tomador de
decisão possam ter ciência da trajetória de emissões nos últimos anos, já que
os dados oficiais vão somente até 2010”, explica.
Fonte: ABr