Num
mercado de trabalho tão competitivo como o dos dias atuais, conseguir uma
colocação não é fácil.
Setor de
serviços e indústria de transformação é os maiores empregadores desse tipo de
mão de obra.
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Além do Ensino Superior, o conhecimento de
outros idiomas é essencial. Para realizar o sonho de fazer o que gosta,
Gabrielle Silva Carvalho, de 33 anos, que nasceu com paralisia cerebral, correu
atrás de seus objetivos. Deixou a casa da família em Jandira, na Grande São
Paulo, e morou no campus universitário de uma das maiores instituições de
ensino do país para concluir os estudos. Hoje é formada em biblioteconomia pela
USP e trabalha no Memorial da Inclusão, na Barra Funda, Zona Oeste da capital
paulista. 'Mesmo com as dificuldades, é preciso viver e aproveitar a vida, não
utilizando a deficiência como desculpa.'
O
otimismo de Gabrielle é exceção entre as pessoas com algum tipo de deficiência.
O Brasil tem 45 milhões de pessoas com alguma restrição, mas apenas 357 mil
trabalham formalmente. O setor de serviços e a indústria de transformação são
os maiores empregadores desse tipo de mão de obra.
Para
Gabrielle, a maioria das empresas ainda olha para a deficiência de cada um e
não para a qualificação profissional na hora de contratar um funcionário.
'Muita empresas só querem preencher as vagas.'
No
Brasil, a Lei de Cotas para Deficientes prevê que toda empresa com cem ou mais
funcionários deve destinar de 2% a 5% dos postos de trabalho a pessoas com
alguma deficiência. Na Zona Sul de São Paulo, uma ONG luta para que a norma
seja cumprida. Fomos conhecer em Santo Amaro, o Nurap (Aprendizagem
Profissional e Assistência Social). Há mais de 27 anos, são oferecidos cursos
de capacitação. A entidade funciona como uma ponte entre essas pessoas e as
empresas. A gerente de inclusão, Rosemeire Andrade, ressalta que o mercado de
trabalho é ainda mais difícil para quem tem alguma restrição. 'Ainda falta
muito. As empresas querem apenas cumprir a Lei de Cotas.'
De acordo
com o Ministério do Trabalho e Emprego, os homens ocupam 65% das vagas
destinadas a pessoas com alguma deficiência, enquanto as mulheres preenchem o
restante. Os dados de Instrução do governo federal revelam que o Ensino Médio
completo concentra o maior número de vínculos empregatícios.
O revisor
de livros em braile Edson Pereira do Rosário, de 35 anos, perdeu totalmente a
visão aos 12, depois de sofrer complicações com a retina do olho direito e
desenvolver glaucoma. De origem humilde, ele serviu de exemplo para a família
ao fazer o magistério no ensino médio e concluir a faculdade de pedagogia.
A
superação de Edson é percebida em cada passo que ele avança diariamente. Agora,
faz planos para iniciar uma especialização em educação especial e fazer um
curso de inglês ou espanhol.
Mas,
seguir exemplos como os de Edson, deficiente visual, e de Gabriele, que é
cadeirante, não é fácil. A instrutora de orientação e mobilidade do Instituto
Dorina Nowill para cegos, Carolina Canavezzi, enfatiza a necessidade dessas
pessoas assumirem suas limitações para lutarem por seus direitos.
Um
levantamento da Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência mostrou que,
no estado de São Paulo, os crimes contra a liberdade individual, como ameaças e
constrangimento ilegal, são os mais comuns. Desde junho do ano passado, uma
delegacia especializada atende esse público, sendo que até abril foram
registrados 11 mil casos de violência. A unidade está localizada na Rua
Brigadeiro Tobias, número 527, no Centro da capital paulista. De acordo com o
secretário adjunto Cid Torquato, o local oferece atendimento especializado para
atender a demanda. 'A idéia é que essa delegacia sirva de exemplo para as
demais.'
Atualmente,
se uma pessoa precisa da elaboração de um boletim de ocorrência em braile ou de
um intérprete da Língua Brasileira de Sinais, conhecida por Libras, as
delegacias do estado de São Paulo podem solicitar um profissional na Delegacia
de Polícia da Pessoa com Deficiência.
Fonte\foto:
CBN - Elaine Freires
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