Caio Silva de Souza, suspeito de ter acendido o
rojão que provocou a morte do cinegrafista da TV Band, Santiago Ilídio Andrade,
está preso na Cadeia Pública José Frederico Marques, no Complexo Penitenciário
de Gericinó, em Bangu, na zona oeste do Rio de Janeiro, e permanecerá detido na
unidade. Antes de ser levado para o presídio, esteve no Instituto Médico-Legal
(IML), onde fez exame de corpo de delito.
Caio foi preso na madrugada do dia12, em Feira de
Santana, na Bahia. Ele saiu do Rio em direção à cidade de Ipu, no Ceará, mas
foi convencido pela namorada a se entregar. Os contatos foram feitos por
telefone celular. Segundo o delegado Maurício Luciano, responsável pela
investigação da morte de Santiago Andrade, ele tinha dois celulares, vendeu o
mais caro para pagar a passagem de ônibus para o Ceará, onde moram os avós
paternos. O outro aparelho foi usado para os contatos com a namorada.
O tatuador Fábio Raposo, que estava com Caio no
momento em que o rojão foi aceso, também está preso no Complexo de Gericinó,
mas em outro local. Desde segunda-feira (10), Fábio Raposo encontra-se na
Penitenciária Bandeira Stampa. Segundo a Secretaria de Estado de Administração
Penitenciária (Seap) somente a Justiça poderá decidir por quanto tempo eles
permanecerão detidos no complexo penitenciário.
O delegado Maurício Luciano disse que recebeu hoje
as informações que estavam faltando para formalizar o inquérito. Segundo ele,
ainda será colhido o depoimento de uma testemunha antes de o documento ser
encaminhado ao Ministério Público. “Foram complementadas quase todas [as
informações] hoje, e foram juntados o exame cadavérico da vítima, o laudo de
local e o laudo do artefato explosivo. Está faltando apenas o depoimento de uma
testemunha, e esperamos enviar o inquérito na sexta-feira (14) ao Ministério
Público, devidamente relatado”, disse em entrevista à Agência Brasil.
Quanto às denúncias do advogado Jonas Tadeu Nunes,
que representa os dois suspeitos, sobre o aliciamento de manifestantes para
atos violentos nas manifestações, e que em troca recebem R$150, o delegado
disse que o advogado vem falando à imprensa, mas deveria se dirigir a uma
autoridade policial para dar informações sobre o assunto. “O que o advogado
está falando pode ser objeto de alguma investigação. Ele tem falado à imprensa.
É preciso que ele vá a uma delegacia e diga o que sabe. Ficar denunciando na
imprensa, noticiando, não vai resolver. Tem que ir até a delegacia, trazer os
elementos que ele tem para fazer tais afirmações, e aí a gente pode investigar
de maneira isenta e cautelosa”, esclareceu.
O delegado informou que o advogado não chegou a
conversar com ele sobre o assunto. “Não comentou, e comentários a gente não
pode levar em consideração, se não for reduzido a termo, se ele não prestar
informações como testemunha”, disse.
Maurício Luciano negou que tenha sido formada uma
força-tarefa para apurar a possibilidade de aliciamento de manifestantes. O policial
explicou que têm ocorrido várias manifestações, e quando há atos de vandalismo
e de desordem, elas geram investigações. “Todas as investigações em que há
informações sensíveis, contamos com a colaboração dos órgãos de inteligência
necessários a alimentar o banco de dados para fazermos as investigações.
Portanto, são investigações feitas a partir de investigações, mas não há
formação propriamente de força-tarefa".
Por isso, ele destacou que são diferentes dos
inquéritos que apuram a morte do cinegrafista e o aliciamento de manifestantes.
“O que ficou claro, e eu reforcei esta ideia, é que nós apuramos no caso
Santiago um crime de homicídio. Então o que nós fizemos em cinco dias foi
identificar a autoria e apresentar a materialidade do crime. A gente não vai
misturar investigações que eventualmente venham apurar financiamento para atos
de vandalismo em manifestações. Serão objeto de novos inquéritos para que não
haja nenhum tipo de prejuízo à investigação que identificou os autores do
homicídio do cinegrafista da Bandeirantes”, explicou
Fonte: ABr